20070712

Paisagem


Passavam pelo ar aves repentinas,

O cheiro da terra era fundo e amargo,

E ao longe as cavalgadas do mar largo

Sacudiam na areia as suas crinas.


Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,

Era a carne das árvores elastica e dura,

Eram as gotas de sangue da resina

E as folhas em que a luz se descombina.


Eram os caminhos num ir lento,

Eram as mãos profundas do vento,

Era o livre e luminoso chamamento

Da asa dos espaços fugitiva.


Eram os pinheirais onde o céu poisa,

Era o peso e a cor de cada coisa,

A sua quietude, secretamente viva,

E a sua exalação afirmativa.


Era a verdade e a força do mar largo,

Cuja voz, quando se quebra, sobe,

Era o regresso sem fim e a claridade

Das praias onde a direito o vento corre.


in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, Eugénio de Andrade

6 comentários:

Ema Pires disse...

Olá amiga,
Estou mais pertinho de ti. Estou a perder uma data de coisas quando nao entro no teu blogue. Mas já me vou actualizar quando possa.
Beijinhos
Este fotografia é linda, linda.

avelaneiraflorida disse...

"Brigados" Ema!!!!

Nesta altura, o trabalho, as férias, o calor...afastam muitos de nós da net!!!!!!

Mas eu estou sempre aqui!!!!!

Volta sempre!!!
Bjks

Joaquim Moedas Duarte disse...

Obrigado por estares aí!
Versos, imagem, tudo é um inesgotável encontro com os rios da ALEGRIA!!!!

avelaneiraflorida disse...

Estarei SEMPRE!

papagueno disse...

O poema é lindo mas a imagem está fantabulosa!
Jinhos

avelaneiraflorida disse...

Os artistas sonham as palavras...depois misturam-lhes bocadinhos de cores...e é aquilo que se vê!!!!!

Como eu gostava de saber pintar...

bjks