Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elastica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento,
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exalação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.
in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, Eugénio de Andrade
6 comentários:
Olá amiga,
Estou mais pertinho de ti. Estou a perder uma data de coisas quando nao entro no teu blogue. Mas já me vou actualizar quando possa.
Beijinhos
Este fotografia é linda, linda.
"Brigados" Ema!!!!
Nesta altura, o trabalho, as férias, o calor...afastam muitos de nós da net!!!!!!
Mas eu estou sempre aqui!!!!!
Volta sempre!!!
Bjks
Obrigado por estares aí!
Versos, imagem, tudo é um inesgotável encontro com os rios da ALEGRIA!!!!
Estarei SEMPRE!
O poema é lindo mas a imagem está fantabulosa!
Jinhos
Os artistas sonham as palavras...depois misturam-lhes bocadinhos de cores...e é aquilo que se vê!!!!!
Como eu gostava de saber pintar...
bjks
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