A primeira noite em que os remadores no alto mar se alucinaram
e a água se ouviu passar entre as estrelas,
foi revestida de ouro, de fogo e de temor. Então,
o teu nome disse-o o profundo leito do rio : Joaquim.
Na sua cor, no seu mistério, recordando o perdido ofício de peixe,
ele subiu até ao branco mais resplandecente.
Com um sabor áspero e agreste, sobreviveu como ainda hoje
sobrevivem alguns seres humanos.
Os predadores ofereceram-te por ele nacos vivos e coerentes
quando arrastate os pés e não havia rastos.
Tinhas uma ferida prateada que o vento lambia e os lobos cobiçavam.
A tua imagem desfez-se, passou de adolescente a antecipação e regresso.
Durante quinze, vinte mil anos, possívelmente mais,
ninguém pensou dar o teu nome sequer ao lodo negro.
Depois tornou-se respirável. E começando por
ladrões e foragidos, veio a ser de profetas e de monges
e, diz-se, chegará a ser nome de pássaro. Quem sabe?
É maleável. Cantável. Doce. Tem as tábuas da paixão,
vem nos antiquíssimos livros da vida e da morte.
Mas um nome contente só pode levantar os olhos
quando soar azul dentro de ti.
Joaquim Pessoa, Nomes
Imagem (C) www.dianevarner.com
6 comentários:
ÇOK GÜZEL BİR SİTE.
olá avelaneiraflorida
ainda vamos conseguindo sobreviver mas não tardará muito, que a realidade seja essa e nem os antiquíssimos livros nos salvam, a não ser que os voltemos a ler e talvez entre linhas se consiga. Quem sabe!Fizeste uma boa escolha.
Os monges e os profetas nos dirão!
daqui, monge
Monge,
há sempre um caminho...que seja o nosso coração a saber escolhê-lo!!!
Volta sempre!!!!
Mutafa,
Wellcome...
Try to comment in french or in english if you please!
Best Regards.
Querida amiga,
Um texto lindo, como sempre e cheio de ensinamento.
Bejinhos
As palavras são do poeta... o sentir será de quem o ler!
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