Montanha amarela - Timor
Altos silêncios da noite e os olhos perdidos,
Submersos na escuridão das árvores
Como na alma o rumor de um regato,
Insistente e melódico,
Serpeando entre pedras o fulgor de uma idéia,
Quase emoção;
E folhas que caem e distraem
O sentido interior
Na natureza calma e definida
Pela vivência dum corpo em cuja essência
A terra inteira vibra
E a noite de estrelas premedita.
A noite! Se fosse noite...
Mas os meus passos soam e não param,
Mesmo parados pelo pensamento,
Pelo terror que não acaba e perverte os sentidos
A esquina do acaso;
Outros mundos se somem,
Outros no ar luzes refletem sem origem.
É por eles que os meus passos não param.
E é por eles que o mistério se incendeia.
Tudo é tangível, luminoso e vago
Na orla que se afasta e a ilha dobra
Em balas de precário sonho...
Tudo é possível porque à vida dura
E a noite se desfaz
Em altos silêncios puros.
Mas nada impede o renascer da imagem,
A infância perdida,reavida,
Nuns olhos vagabundos debruçados,
Junto a um regato que sem cessar murmura.
Ruy Cinatti
Imagem (C) www.urbi.ubi.org
4 comentários:
Bonito, há muito que não lia nada do rui Cinatti.
Jinhos
Ando precisamente a descobri-lo...e a encantar-me!!!!
Este vai para a fila...
das páginas do dito cujo.
Há uma antologia do Peter Stilwel ( padre, que conheci em tempos e por quem tenho consideração) sobre Ruy Cinatti, que já tive e já perdi de vista. Vou tentar encontrá-la...
Tu é que és a culpada...
EU, MOI, JE???????????
Quem escreveu estas coisas lindas foi o CINATTI...
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