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20080407

Ora (direis) ouvir estrelas


" Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...


E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila.E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procura pelo céu deserto.


Direis agora " Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"


E eu vos direi: " Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Olavo Bilac
Imagem (C) Charles Moffat 2006

20080402

Pinta-me a curva




Pinta-me a curva destes céus...Agora,

Erecta, ao fundo, a cordilheira apruma:

Pinta as nuvens de fogo de uma em uma,

E alto, entre as nuvens, o raiar da aurora.


Solta, ondulando, os véus de espessa bruma,

E o vale pinta, e, pelo vale em fora,

A correnteza túrbida e sonora

Do Paraíba, em torvelinhos de espuma.


Pinta; mas vê de que maneira pintas...

Antes busques as cores da tristeza,

Poupando o escrínio das alegres tintas:


-Tristeza singular, estranha mágoa

De que vejo coberta a natureza,

Porque a vejo com os olhos rasos d'água...


Olavo Bilac

Imagem(C)Rebecca Hardin