Eu q'ria ser o mar d'altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu q'ria ser a pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu q'ria ser a pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu q'ria ser o sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu q'ria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza...
As Árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim dum dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras...essas...pisa-as toda a gente!...
Florbela Espanca, Poesia Completa
4 comentários:
Nao me posso ausentar porque imediatamente vejo mais maravilhas publicadas.
Obrigada pelo poema.
Beijinhos
Florbela Espanca é um mundo inesgotável de sentimentos!
Vale sempre a pena reler!
Este poema era um dos que podia ter ido para a página...
Admirável osmose entre os sentimentos humanos e o pulsar da Natureza.
Meon...
cada um de nós é a Natureza!
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