havia sempre um cais no fim
de cada dia
temerariamente
chegavas-lhe ao limite
e ali ficavas sem dizer palavra
ficavas sempre sem dizer palavra
e a tua pulsação rendia-se ao pesar
no fundo do teu peito
o lastro de não ir
um mar mesmo a teus pés até perder de vista
até perder-se o sol no seu naufrágio brando
até ser tudo sombra e tudo
estremecer
temerariamente
ficavas mais um pouco
até ser negro o mar e ser opaca a noite
e negro o teu olhar
e então ficavas quieta ficavas mais um pouco
até ser funda a mágoa
funda como o mar
Carlos Nogueira Fino,
in funchal (2004)
6 comentários:
Bonito e triste, não conhecia este autor, vou ter que investigar :)
Beijinhos
Papagueno,
este é um dos autores que estou a decobrir na Antologia dos Poetas das Ilhas...
Por isso, ele aqui está, para partilhar convosco!!!!
Bjks! Um BOM DIA!!!
Também o descubro pela tua mão, Avelã. Obrigado.
Sam,
para todos os que me dão amizade eu procuro as coisas mais bonitas que encontro para lhes retribuir...
Bj
A descoberta de um poeta é sempre um acontecimento. Obrigada amiga.
Beijinhos
Em troca dos teus SÁBIOS...querida amiga!!!!!
Bjks
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