Neste mar à minha frente
O sol repousa e os nossos olhos dormem...
-Caem saudades mortas como chuva miúda,
Ou sobem, trémulas, como o vapor das algas,
Ou ficam, extáticas, como um bafo da areia,
Calmas, sobre a paisagem,
Como um véu de cambraia deixado...
Não sei se é o calor das algas,
Se é o bafo da areia que baila,
Ou se a chuva miúda que cai neste dia de sol
Como um véu de cambraia deixado,
Sei que me lembram os signos do zodíaco
Em boa caligrafia,
Uns signos como nem sequer eu tinha imaginado!...
E este calor que dimana da terra e nos confunde com ela,
Nos aquece as pernas de encontro à areia, numa vida exterior
Com mais sangue que a nossa e, sobretudo, cheia
Duma inconsciência que se não parece com nada,
Esta respiração pausada como as ondas, de trás para diante
Fazendo, lentas, e desfazendo
A mesma curva humaníssima e sensível,
Faz-me escrever, devagar, e com letra de menino pequeno
Sobre o chão acamado, esta palavra.
AMOR.
António Pedro
in A Rosa do Mundo 2001 Poemas para o Futuro
Imagem (C) Sayonara Fontoura
6 comentários:
Gostei deste espaço de partilha. Voltarei, sem dúvida.
Boa semana.
E este calor que dimana da terra e nos confunde com ela...
Verdade!!
Veritas,
Bem vinda!!!!!
Este espaço está sempre pronto a receber novos amigos...
Rhiannon,
a fusão entre o mar e a terra...imprescindiveis!!!!
E aqui, em minha opinião, cantada em palavras tão transparentes!!!!
Bjks
Com este calor nada melhor que o mar... Tenho dado uns saltos ao mar... Estava tão lindo.. já não o via há tanto tempo que já nem me lembrava da cor linda que tem...
Beijos
Professorinha,
é mesmo para aproveitar...ganhar energia...recuperar forças!!!!
Tudo a correr pelo melhor!!!
Bjks
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