20070829

Como as cerejas...


Não resisto a deixar aqui, completas, as poesias que iniciei no anterior post...

A primeira, uma cantiga de Amor, em que o poeta se dirige à sua Amada (senhor), é de uma beleza serena, intemporal...



Senhor genta,


Senhor genta

mi tormenta

voss'amor en guisa tal

que tormenta

que eu senta

outra non mé ben nen mal,

mais la vossa m'é mortal:

Leonoreta,

fin roseta,

bela sobre toda fror,

fin roseta,

non me meta

en tal coita voss'amor!


Das que vejo

non desejo

outra senhor se vós non,

e desejo,

tan sobejo,

mataria um leon,

senhor do meu coraçon:

Leonoreta,

fin roseta,

bela sobre toda fror,

fin roseta

non me meta

en tal coita voss'amor!


Mia ventura

en loucura

me meteo de vos amar;

é loucura,

que me dura,

que me non posso quitar,

ai fremosura sen par:

Leonoreta,

fin roseta,

bela sobre toda fror,

fin roseta,

non me meta

en tal coita voss'amor!


João Lobeira (CNB 228)


genta - gentil, formosa

fin roseta - perfeita rosinha

quitar - apartar, deixar, libertar

coita - sofrimento

2 comentários:

papagueno disse...

Belas cantigas de Amor, uma delícia a poesia medieval. E "bailemos so aquestas avelaneiras frolidas".
Beijinhos.

avelaneiraflorida disse...

BEM REGRESSAdo, Papagueno!!!!

É verdade... a poesia medieval é LINDA!!!!

E as bailias não são as únicas que me inspiram...
Bjks