20070808

De volta às arrumações...


[...]
Ninguém tinha levado uma flor sequer para minha professôra D. Cecília Paim. Devia ser porque ela era feia. Se ela não tivesse uma pintinha no ôlho, não era tão feia. Mas a única que dava um tostão pra mim para comprar recheado no doceiro de vez em quando, quando chegava o recreio.

Comecei a reparar nas outras aulas e todos os copos sôbre a mesa tinham flôres. Só o copo da minha continuava vazio.
[...]
A escola. A flor. A flor. A escola...
[...]

- Como é que você faz?
- Levanto mais cedo e passo no jardim da casa do Serginho. Quando o portão está só encostado, eu entro depressa e roubo uma flor. Mas lá tem tanta que nem faz falta.
- Sim. Mas isso não é direito. Você não deve fazer mais isso. Isso não é um roubo, mas já é um "furtinho".
- Não é não, D. Cecília. O mundo não é de Deus? Tudo que tem no mundo não é de Deus? Então as flôres são de Deus também...
Ela ficou espantada com a minha lógica.
- Só assim que eu podia, professôra. Lá em casa não tem jardim. Flor custa dinheiro... E eu não queria que a mesa da senhora ficasse sempre de copo vazio.
[...]


Quem adivinha...onde reencontrei estes excertos??????

Quem leu?????

5 comentários:

Alf disse...

Ah! O meu pé de laranja lima... :)

papagueno disse...

Li "O meu Pé de Laranja Lima" há muitos anos,ainda era miúdo. Já não me lembro de quase nada mas, foi também, a primeira coisa em que pensei.
Será?
Beijinhos

Isamar disse...

Sem dúvida alguma, este é o excerto mais emblemático de : " O Meu Pé de Laranja Lima". Li-o tantas vezes.Fiquei comovida. Há textos que fazem parte da minha vida.Este é um deles.
Obrigada!
Beijinhos

avelaneiraflorida disse...

AMIGOS!

EM CHEIO!!!!!

Brigados por terem ajudado a recordar!!!!!
Bjks

Maria Romeiras disse...

Estive desactivada, mas foi bom regressar e encontrar uma das passagens que mais amo neste livro. Cheguei tarde, o desafio já foi tratado. Mas adorei reler. Um beijo.