Construí uma casa no mar.
Com portal para o vento e um terraço onde escuto o grito do albatroz.
ou recolho o polén das estrelas.
Plantei nas ondas uma árvore. São peixes
as pequeníssimas folhas desta árvore
que sinto crescer como um amigo.
Todos os móveis da casa são de água. Densa,
vermelha, filha de um vulcão,
ou leve, clara, irmã do linho.
Os tapetes têm a cor de antigos versos que elogiam o mar.
Canções, odes, barcarolas. De um tempo
em que o sol emprenhava as corças numa cama de folhas
e onde agora é deserto.
Nesta casa de água, escrevo. E, para o teu poema,
lanço a minha rede. Nela vêm, doirados, ofegantes, vivos,
os cardumes de sílabas.
Joaquim Pessoa, À Mesa do Amor
8 comentários:
Gosto de Joaquim Pessoa. E gostei deste poema em que o sujeito poético mora no mar e contempla a natureza em todo o seu esplendor.
Beijinhos
Gostaria de viver nessa casa, mas enquanto não a consigo alcançar, vou-me contentando com um quarto...onde encerro o que de mais autêntico posso cativar, à espera de um dia...
Bjs. Uma boa semana.
Sophiamar,
o meu sonho imposssivel era ter uma casa de vidro na água...
Até lá...sonho!!!!
Bjks
Veritas,
exactamente como eu!!!!
mas é tão dificil às vezes...
Bjks
Também gostava de uma casa assim...
Beijinhos...
Era tão bom ter uma casa no mar e passar o dia a ver peixes, baleias e golfinhos. Era lindo!!
Beijinhos.
Amigo Mário,
as suas palavras constroem casas muito bonitas....sempre!!!
E como o poeta desenha...não custa nada...
BjKs
Papagueno,
Como disse antes, este é um dos meus sonhos impossíveis...
Mas ainda não tenho a certeza se será tão impossível!!!!
Bjks
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