Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar,
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que tu respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Cem Poemas de Sophia
Imagem(C) Elisa Robles
8 comentários:
Sophia tem este condão: com palavras simples e sem artifícios linguísticos, deixa-nos sem respiração.
Como neste tão belo poema - mais um que não conhecia.
Obrigado, Avelã!
É muito bonito, de facto!!!
Foi publicado numa colectânea recente, mas pertence a um livro que ela escreveu em (1950...!!!!)intitulado "CORAL"
*****:)*
"Brigados" Inês!!!!!
Impactante poema. Tenho de saber mais sobre esta mulher. Obrigada por publicá-lo.
Bjos
Valerá sempre a pena conhecer SOPHIA...
Hoje...também eu (me) sinto assim! Adorei o poema
Há dias...
Bem vinda, Rildeias!
Volte sempre!
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