Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Antero de Quental
5 comentários:
Este foi um dos meus sonetos de culto. Sabia-o de cor, recitava-o às vezes com lágrimas...
Depois aprendi a deixar de bater às portas de oiro. A não ser em raros momentos, "horas de medonha lucidez"...
Terá sido uma dessas horas que levou Antero ao tiro fatal.
Obrigado pela lembrança. É uma obra-prima absoluta: toda a condição humana em 14 versos...
Bela maneira de começar o dia!
Um poema que sempre me disse muito!
Aprendi-o de cor nos tempos de liceu!!!!
Ás vezes volta-me ao pensamento...
Este conhecia, é triste, como às vezes a vida.
Bjos
Ema
mas a vida também é feita de tristezas... antes o não fosse!!!
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