20070623

O Palácio da Ventura



Sonho que sou um cavaleiro andante.


Por desertos, por sóis, por noite escura,


Paladino do amor, busco anelante


O palácio encantado da Ventura!






Mas já desmaio, exausto e vacilante,


Quebrada a espada já, rota a armadura...


E eis que súbito o avisto, fulgurante


Na sua pompa e aérea formosura!




Com grandes golpes bato à porta e brado:


Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...


Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!




Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...


Mas dentro encontro só, cheio de dor,


Silêncio e escuridão - e nada mais!




Antero de Quental

5 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Este foi um dos meus sonetos de culto. Sabia-o de cor, recitava-o às vezes com lágrimas...
Depois aprendi a deixar de bater às portas de oiro. A não ser em raros momentos, "horas de medonha lucidez"...
Terá sido uma dessas horas que levou Antero ao tiro fatal.

Obrigado pela lembrança. É uma obra-prima absoluta: toda a condição humana em 14 versos...

Jorge disse...

Bela maneira de começar o dia!

avelaneiraflorida disse...

Um poema que sempre me disse muito!

Aprendi-o de cor nos tempos de liceu!!!!

Ás vezes volta-me ao pensamento...

Ema Pires disse...

Este conhecia, é triste, como às vezes a vida.
Bjos
Ema

avelaneiraflorida disse...

mas a vida também é feita de tristezas... antes o não fosse!!!