20080229

Vigília

POR UMA PROFISSÃO QUE AMAMOS: SER PROFESSOR!

Como ressoam...


Como ressoam os remos,

ó mãe, na água,

com os frescos ventos

da manhã clara!

Como ressoam os remos

de ouro e marfim,

com o vento fresco

do senhor S. Gil!

Como ressoam os remos

de ouro e cristal,

com o vento fresco

do senhor S. João!

Como ressoam os remos

de prata e ouro

com o doce nome

do bem que adoro!


Poesia de tipo tradicional

in Antologia da Poesia Espanhola das Origens ao Século XIX
Imagem (C) Michael Cheval

20080228

NOCTURNE...


Imagem (C) Michael Cheval

TENHO UM REI...


à minha espera!!!!!
Sim. foi-me trazido pela amiga I.M.!!!!!!!!!!!!
Ou seja....mais um mimo, além de outros, que os amigos me dão!!!!!
Imagem da capa (C) Archivo Idee

20080227

As Rosas


Quando à noite desfolho e trinco as rosas

É como se prendesse entre os meus dentes

Todo o luar das noites transparentes,

Todo o fulgor das tardes luminosas,

O vento bailador das Primaveras,

A doçura amarga dos poentes,

E a exaltação de todas as esperas.



Sophia de Mello Breyner Andresen
in Dia do Mar
Imagem(C) Vladimir Kush

dedicatória de uma transeunte...

DEPOIS DE ÁRDUOS E MUI CUSTOSOS TRABALHOS E CANSEIRAS...
O DESCANSO DO "PROFISSIONAL"....



Imagem (C) escher

Que as estrelas iluminem a noite...

Erté Art Deco Fashion Illustrations - Chopin - Horowitz 1945

20080226

E os dias continuam...


Vem esta canção,

as montanhas os socalcos

eu vejo-os com palavras,

caminho ao encontro desses sons.

Vêm dos poços, vêm dos rios,

do vento rouco, do leve lume.

Quem a tem não a tem mais

essa canção que os objectos ensinam.

O sol ondes as serpentes passam,

os subterrâneos onde estão os cristais

descem a este lugar que os esquece,

um regato vai perto de nós,

Alguma coisa prende a morte,

altera os vaticínios

pedra viva descansando.


Joaquim Manuel Magalhães

20080225

25...hoje


Um dia resta uma paisagem

sobre as dunas a asa da ave

sobre as ondas o remo do barco

a viagem do sol

a água azul sonora


João Miguel Fernandes Jorge
Imagem (C) Diane Romanello

COMO VIOLETAS....


QUE NÃO PERDEM O VIÇO NEM A COR....
Imagem (C)Maria Battaglia

20080224

No Puede Ser

Placido Domingo

À TUA ESPERA



Tecerei para ti cheias de orvalho as aveleiras

e dormirei num laranjal de luas sem ti.

Medronheiros de água e lobos orvalhados rodeiam

o meu estrago: andam bailes de avelãs à tua espera.




José Bebiano
Para Cá das Aves II

Imagem(C) Brodetsky

20080223

VAMOS POR PARTES 2

É que o Amigo José Gonçalves também não fez a coisa por menos.... e deixou-me um desafio, que é mesmo UM SENHOR DESAFIO!!!!!!




Consiste em escolher 12 palavras,


aquelas que nos dizem algo de especial, e escrever um texto.




Vou tentar que este texto não seja muito longo. E apetecia-me fazer HUMOR, de que tanto gosto. Mas aquele que tem QUALIDADE , que não fere nem marginaliza o outro.


Gostaria também que fosse um texto sobre LITERATURA, um dos meus mundos preferidos, onde me perco e onde me refugio. De preferência na "minha" IDADE MÉDIA, que sempre me fascinou e sobre a qual muito aprendi com professores de EXCELÊNCIA!!!!


E se fosse um trecho de MÚSICA???? o problema está em que as minhas aptidões para executante de qualquer instrumento...causariam distúrbios sonoros irreparáveis. Fico-me pela modesta condição de ouvinte.


A mão força-me a vontade. Apetece-lhe fazer BONECOS!!!!! mais do que escrever palavras. E nessa teimosia constante vejo-me compelida ...e derrotada!!!! Os AMIGOS e A FAMILIA são complacentes quando os tentam perceber...mas, afinal de contas, não dizem eles que gostam de mim?????


Mas se fosse um texto a sério, daqueles muito sentidos, revistos, rabiscados, reescritos, sei que neles as palavras correriam céleres em busca de todos os nomes do AMOR e da LIBERDADE. Que escreveriam as palavras com paixão. E na única cor que me identifica naquilo que sou e sinto. Em pleno AZUL.


Claro que agora falta a parte 3!!!!!!

Passar o desafio a 12 blogs:


INFINITO PESSOAL

MAR AZUL

SILÊNCIO CULPADO


INSTANTES DA VIDA


OFICINA DAS IDEIAS


A PROFESSORINHA


QUERUBIM PEREGRINO


CANTO POÉTICO


JASMIM DO MEU QUINTAL


MULTIOLHARES


FORUM CIDADANIA


ALL NIGHT LONG
eu fico esperando....lol!!!!

VAMOS POR PARTES...

Os meus AMIGOS continuam a MIMAR-ME!!!!!


desta vez a amiga Fátima, do seu Mar Azul, entendeu que este cantinho


mas logo a Querida Amigona, lhe deu a volta e pôs a Avelaneira com novo LOOK:

E agora.... pois!!!!! Já perceberam, não é?????

ASSIM SENDO,

aproveito e indico as 14 "vítimas" que escolherão o seu prémio de acordo com o perfil e gosto pesssoais:

Bairro do Amor

Citizen Mary

Ad Astra

Sophiamar

Brancamar

Blondie

Branco escuro

The Catwalk

Oceanus

Forum Cidadania

Bloga Comigo

A vida é um lugar estranho

Cantigueiro

Outono desconhecido

NA PALMA DA MÂO


abro as mãos; nelas

podes ver

o que quiseres: apenas

o teu rosto

se não quiseres olhar

para as minhas

mãos

ou as rugas, pregas

finas

nos meus dedos,

outros sinais do tempo

que não foi teu.

Abro as mãos; repara

nelas,deita-lhe ao menos

um olhar

agora que uma estrela

rompeu os céus

no céu de Praga

e as minhas mãos já não cantam

nos teus lábios

para sempre rendidos

ao rasto da estrela

e à luz nocturna

do cristal.


António Mega Ferreira
O Tempo que Nos Cabe

20080222

AZUL

COMO UM BEIJO IMENSO...
Imagem(C) Anna Scott

20080221

SEMPRE...



Now that the time has come

Soon gone is the day

There upon some distant shore

You'll hear me say


Long as the day in the summer time

Deep as the wine dark sea

I'll keep your heart with mine.

Till you come to me.


There like a bird I'd fly

High through the air

Reaching for the sun's full rays

Only to find you there


And in the night when our dreams are still

Or when the wind flows free

I'll keep your heart with mine

Till you come to me


Now that the time has come

Soon gone is the day

There upon some distant shore

You'll hear me say


Long as the day in the summer time

Deep as the wine dark sea

I'll keep your heart with mine.

Till you come to me


Music and lyric: Loreena McKennitt
Imagem (C)stoa.wordpress.com

Penelope's Song

Loreena McKennitt

Olhando o dia...


Respira. O oxigénio espera da tua esfera

de cor o teu afago a tudo.

O oxigénio é meigo. Ele às vezes consegue

sair das folhas verdes sem ruído no escuro.


Como um ladrão que rouba o próprio sangue

e o leva ao inimigo assim ele anda

à procura de casa onde se aqueça

vendo que em pedra e telha a traz consigo


Respira.O oxigénio espera o teu relógio

de luz o teu sorriso claro.

O oxigénio é meigo. Ele às vezes constrói

Uma impossível casa à beira do teu lábio


Maria Alberta Menéres
in Cem Poemas Portugueses no Feminino
Imagem (C) retirada de Google Images

EN ARANJUEZ CON TU AMOR

Il Divo

20080220

Lugar...


[...]

Desconheço a constelação onde estás.


Estás à esquerda,
junto ao cenário azul, sem nuvens.
Ardem fogueiras de incenso e sândalo, além.
Rodeiam-te infinitas lâmpadas suaves,
com filamentos de ouro.mercúrio e cristais.
Há um violino, apenas um,
que o músico cego toca, num teatro de pó,
de onde não se vê o mar.
É uma música alta, como se chamasse por ti.

José Agostinho Baptista
in Quatro Luas
Imagem(C) Maria Desmée

Não podia deixar de celebrar a VITÓRIA!!!!!!!


escolhendo um novo LOOK

para o meu Avatar...sem dentinho....


hipótese a....a anjinha!!!!!


hipótese b ..... bem parecida!!!!!





hipótese d....disfarçada!!!!!!!







abertas as VOTAÇÕES ....

unanimemente
VENCEDORA!!!!!!!!!!!
A

hipótese c..... conservadora!!!!!!!!

embora ligeiramente menos maquilhada!!!!!

20080219

CONFRONTO FINAL!!!!!!!




ou "ELES" ...ou EU!!!!!!!

Palavras Certas


As ondas desenrolam os teus braços

E brancas tombam de bruços.



Sophia de Mello Breyner Andresen,
"Praia"
Imagem (C) Vladimir Kush

20080218

TRIBUTO AOS AMIGOS...

Johann Pachelbel - Canon in D,

Silêncio...tanto...


Não podendo falar para toda a terra

direi um segredo a um só ouvido


Luiza Neto Jorge
A Lume
Imagem (C) John Brett

20080217

E chove...


Bóiam leves, desatentos,

Meus pensamentos de mágoa,

Como, nos sono dos ventos,

As algas, cabelos longos

Do corpo morto das águas.


Bóiam como folhas mortas

À tona de águas paradas.

São coisas vestindo nadas,

Pós remoinhando nas portas

Das casas abandonadas.


Sono de ser, sem remédio,

Vestígio do que não foi,

Leve mágoa, breve tédio,

Não sei se pára, se flui;

Não sei se existe ou se dói.


Fernando Pessoa
Imagem(C) Johann Fournier

6 MÚSICAS QUE ME FIZERAM DANÇAR...

POIS...isto a um domingo de manhã...é obra!!!!!

O amigo PAPAGUENO deixou-me este desafio. E vou responder COM UMA CONDIÇÃO:
A DE PROMETEREM NÃO RIR!!!!!



the number one!!!!!!! E SEMPRE CARLOS SANTANA




INEVITÁVEL...O "smoke on water"





E os CREEDENCE... "Have you ever see the rain"...


E este SENHOR... já me dava volta à cabeça!!!!!!!!




e LA FOLIE ...dos THE STRANGLERS!!!!!



NEM PODIA DEIXAR DE SER...




E Passo a MÚSICA a:


CANTIGUEIRO
POR ENTRE MONTES E VALES
ALL NIGHT LONG
INFINTO PESSOAL

Desta vez as meninas esperam para Dançar...

"rimas do mar profundo"...


I
Os teus olhos

Pretos, pretos

São gentios,

São gentios da Guiné


Ai da Guiné

Por serem pretos

Da Guiné por serem pretos

Gentios por não terem fé


II

Os teus olhos

São brilhantes

Semelhantes

Aos luzeiros que o céu tem


Os olhos pretos

Eu preferi

E nunca vi

De cor tão linda em ninguém


III

Os teus olhos

São capelinhas

São capelinhas

Onde diz missa o luar

Ai os meus olhos

São andorinhas

São andorinhas

Que vão à noite rezar


cantar açoriano
Imagem retirada de GOOGLE IMAGES

20080216

O PAÇO DO MILHAFRE


À beira de água fiz erguer meu Paço

De Rei -Saudade das distantes milhas:

Meus olhos, minha boca eram as ilhas;

Pranto e cantiga andavam no sargaço.


Atlântico, encontrei no meu regaço

Algas, corais, estranhas maravilhas!

Fiz das gaivotas minhas próprias filhas,

Tive pulmões nas fibras do mormaço.


Enchi infusas nas salgadas ondas

E oleiro fui que as lágrimas redondas

Por fora fiz de vidro e, dentro, de água.


Os vagalhões da noite me salvavam

E, com partes iguais de sal e mágoa,

Minhas altas janelas se lavavam.


Vitorino Nemésio,
O Bicho Harmonioso
Imagem/C) www.auniao.com

CONVITE


E a estas horas eles devem estar a beber

LITROS de CHÁ DE PERPÉTUAS ROXAS!!!!!!!

20080215

Regresso...


[...]


um milhão de cintilantes lanternas de papel

sobre o rio

e a alma repete a pergunta eterna


José Tolentino de Mendonça,
A Estrada Branca
Imagem(C) C. Vacher

Num dia de Viagem...


apenas o olhar....

20080214

"Deborah's Theme"

Ennio Morricone - live in Warsaw

MIMOS E GRACINHAS!!!!!

A AMIGA MARIA passou-me este meme com a seguinte indicação:


depois de o receber tenho 10 minutos para responder a 2 perguntas e passá-lo a outras dez pessoas, sendo que o meme deverá terminar amanhã, dia 14, à meia noite.


E as perguntas são:



- O que gostarias que o teu par te oferecesse amanhã?

- E o que responderias em agradecimento?





minhas respostinhas:


* um amanhã diferente cada dia!!!!!

* "BRIGADOS" !!!!!!


Agora....as "felizes contempladas":

* BLONDIE

* CAT


* FÁTIMA


* BRANCAMAR


* AD ASTRA


* NI


*CARMINDA


*LÍDIA


*FERNANDINHA


*OUTONODESCONHECIDO


Claro que se os "MOCINHOS" quiserem aderir...SÃO BEM VINDOS!!!!!!!


ENTRETANTO...

já outros Amigos tinham feito das "suas"!!!!!

da Amiga Carminda



do sempre imprevisivel

...AND THIS IS REALITY!!!!!!!

A TODOS AGRADEÇO A GENTILEZA!!!!!!!!!

SEMPRE


Lembro-me bem do seu olhar.

Ele atravessa ainda a minha alma,

Como um risco de fogo na noite.

Lembro-me bem do seu olhar. O resto...

Sim o resto parece-se apenas com a vida.


[...]


Álvaro de Campos
in Obras Completas
Imagem (C) MARIA CONCEIÇÃO VALDÁGUA

20080213

PARA UMA BOA NOITE...

Andrea Bocelli sings Elmo to sleep

Para um AMIGO...que é um rio!


As palavras

cintilam

na floresta do sono

e o seu rumor

de corças perseguidas

ágil e esquivo

como o vento

fala de amor

e solidão;

quem vos ferir

não fere em vão,

palavras.


Carlos de Oliveira,
Vento
Imagem(C) Carol Becam

20080212

Para PEREGRINO ...


Tu perguntas e eu não sei.

eu também não sei o que é o mar.


É talvez uma lágrima caída dos meus olhos

ao reler uma carta, quando é de noite.

Os teus dentes, talvez os teus dentes,

miúdos, brancos dentes, sejam o mar,

um mar pequeno e meu,

afável, diáfano,

e contudo só música distante.


É evidente que minha mãe me chama

quando uma onda e outra onda e outra

desfaz o seu corpo azul contra o meu corpo.

Então o mar é carícia,

asa pura,

luz molhada onde desperta

meu coração recente.


Às vezes o mar é uma figura branca

cintilante entre os rochedos.

Não sei se fita a água

ou se procura

um beijo entre conchas transparentes.


Eugénio de Andrade,
Antologia Breve
Imagem retirada de Google Images

Amanhecera


[...]


Aquele sobressalto, tão impensado, revocou o cavaleiro ao sentimento da sua situação. Ajoelhou junto de Hermengarda e, pegando-lhe na mão já fria, beijou-lha. Nas raias da vida, aquele beijo, primeiro e último, era purificado pelo hálito da morte que se aproximava: era inocente e santo, como o de dois querubins ao dizer-lhe o Criador: "Existi!".


Depois ergueu-se, vestiu a sua negra armadura, cingiu a espada, lançou a mão do franquisque e, rompendo por entre o tropel, que fizera silêncio ao vê-lo, desapareceu através da porta da gruta, cujas rochas tingia cor de sangue a dourada vermelhidão da aurora.


[...]

Alexandre Herculano,
Eurico, O Presbítero
Imagem (C) Richter

20080211

Canção


Que saia a última estrela

da avareza da noite

e a esperança venha arder

venha arder em nosso peito


E saiam também os rios

da paciência da terra

É no mar que a aventura

tem as margens que merece


E saiam todos os sóis

que apodreceram no céu

dos que não quiseram ver

- mas que saiam de joelhos


E das mãos que saiam gestos

de pura transformação

Entre o real e o sonho

seremos nós a vertigem


Alexandre O 'Neill

Imagem(C) Vladimir Kush

Mais um dia...


Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade,
Ausência
Imagem retirada de Google Images