20070521

REGRESSO POR OUTRO RIO






















se regressar, será aos teus olhos que regresso.

os acasos ardem nos lábios dos amieiros que na margem do rio
aguardam que regresse. a isso regresso, buscando
coincidências e nomes, razões. afasto-me
provavelmente de ti, embora secretamente.


é por isso estranha a forma como os acasos ardem
para sempre. a outro rio e sob outras sombras
regresso, devagar para não ferir o que antes amei
e por quem morri muitas vezes. agora de novo morro

e por outro rio regresso até ao lugar onde elas, as aves,
nascem para não desaparecerem. e isso é como permanecer.

Francisco José Viegas, in Todas as Coisas

5 comentários:

Nómada disse...

Tão estranho! Porque é que este poema me comoveu tão profundamente?
Tal como a mensagem que me saíu ao caminho e me acompanhou o resto da viagem, logo pela manhã...
Tão estranho! Tão intensamente estranho!...

avelaneiraflorida disse...

De modo nenhum quero ser impertinente...
Aceito um puxão de orelhas...e peço desculpa!

Nómada disse...

Pedir desculpa? Nunca a "culpa" foi tão inexistente!
Limitei-me a verificar um facto.

E limito-me a viver o momento que passa, agradecendo aos deuses por o fazerem passar.

papagueno disse...

Que lindo este regresso do Francisco José Viegas. confesso que o conhecia dos programas de televisão mas nunca tinha lido nada dele. Uma falha a reparar.
Jinhos.

avelaneiraflorida disse...

As falhas têm sempre remédio...

Boas leituras!!!!!
Bjks