Estas pedras
sonham ser casa
sei
porque falo
a língua do chão
nascida
na véspera de mim
minha voz
ficou cativa do mundo,
pegada nas areias do Índico
agora,
ouço em mim
o sotaque da terra
e choro
com as pedras
a demora de subirem ao sol
in Mia Couto, Raíz de Orvalho e Outros Poemas
Ilustração (C) Danuta wojciechowska
4 comentários:
Tão bonito, Avelã!
Não conheço a poesia do Mia Couto. Outro território a explorar...
Bjnh de BOM DIA!
Uma falta Imperdoável!!!!!
Mas que se pode ...remediar!!!
BOM DIA também!!!!!!
Bj
Lindo este poema gosto da poesia africana, pode-se quase sentir o pulsar da terra.
É verdade! Tem qualquer coisa de telúrico, de muito profundo, mesmo de "lá de dentro"...
Também é o menos triste da colectânea...
Enviar um comentário