20081029

Ich hörte sage / Ouvi dizer

Ich hörte sage


Ich hörte sage, es sei

im Wasser ein Stein und ein Kreis

und über dem Wasser ein Wort,

das den Kreis um den Stein legt.


Ich sah meine Pappel hinabgehn zum Wasser,

ich sah, wie ihr Arm hinuntergriff in die Tiefe,

ich sah ihre Wurzeln gen Himmel um Nacht flehn.

Ich eilt ihr nicht nach,

ich las nur vom Boden auf jene Krume,

die deines Auges Gestalt hat und Adel,

ich nahm dir die Kette der Sprüche vom Hals

und säumte mit ihr den Tish, wo die Krume nun lag.


Und sah meine Pappel nicht mehr.

Paul Celan





Ouvi dizer que havia
na água uma pedra e um círculo
e sobre a água uma palavra
que dispõe o círculo à volta da pedra.

Vi o meu choupo descer para a água,
vi o seu braço mergulhar no fundo,
vi as suas raízes suplicar noite voltadas para o céu.


Não corri atrás dele,
limitei-me a apanhar do chão essa migalha
que dos teus olhos tem a forma e a nobreza,
tirei-te do pescoço o colar daquelas falas
e debruei com ele a mesa onde agora estava a migalha.

E deixei de ver o meu choupo.


in Sete Rosas Mais Tarde. Antologia Poética,

Selecção, Tradução e Introdução de João Barrento e Y.K.Centeno

Imagem (C)Friederike Kimmerle, Auge der Zeit, 2000

20081026

Assim...SIM!!!!!!!!!


A minha hora preferida está de volta!!!!!!!

Pelo menos durante a próxima metade do ano...
POSSO VOLTAR A SER EUZINHA, MOI-MÊME!!!!!!

Imagem(C) Elsita.typepad.com

20081022

Neste final de mais um dia (aqui)...



A mão esquerda e a mão direita são talvez uma só

quando se corta a água em pedaços ou quando, acima do vazio,

tudo permanece inalterável.

Nos caminhos da música movem-se as sombras daquilo que se busca,

o que vive impassível entre o claro e o escuro,

entre o que se diz e o que se escuta,

entre o limite e a plenitude. Como

poderei explicar-me sem palavras,

como podem as palavras explicar-te?

A minha mão esquerda e a tua mão direita

são talvez uma só quando as envolve a ligadura da água

ou quando, injustamente, esquecemos toda

a inquietação.

Joaquim Pessoa
in À Mesa do Amor

Imagem(C)NamJunePaik
Studio Azzurro Immagini
Vive Electa 2005

20081017

Ei-lo...

Mais uma aventura fascinante
se adivinha!!!!!!

20081012

No princípio era a água...

E ela toma conta do céu e da terra...esparge a Natureza e infiltra-se-lhe nas entranhas.
Renasce dela e liquefaz-se em gotas de verde novidade.Goteja nas paredes e nas vidraças remirando-se contra a luz. Água. Água fresca , dessedentada e perene. Filtro de vida. Berço e última morada. Charco. Nascente e leito.Margem e cascata. Eternamente fluida.
Água. Imenso mar de luzes suspensas. De sombras aterrorizantes. Densa. Profunda. Água férrea de destino benfajezo. De movediças passagens. Marcas.Movimentos. Pesos e medidas de um sempre quotidiano. Águas.
Água.

Fotografia(C) Avelaneira Florida

20081011

Uma Lisboa de outros tempos...

ou as possibilidades de rever o passado com as tecnologias do futuro!!!!
"BRIGADOS" minha querida Amiga C.T. !!!!!!!

20081009

Um dia depois...



É assim que te quero, amor,

assim, amor, é que eu gosto de ti,

tal como te vestes

e como arranjas

os cabelos e como

a tua boca sorri,

ágil como a água

da fonte sobre as pedras puras,

é assim que te quero, amada,

Ao pão não peço que me ensine,

mas antes que não me falte

em cada dia que passa.

Da luz nada sei, nem donde

vem nem para onde vai,

apenas quero que a luz alumie,

e também não peço à noite explicações,

espero-a e envolve-me,

e assim tu pão e luz

e sombra és.

Chegastes à minha vida

com o que trazias,

feita

de luz e pão e sombra, eu te esperava,

e é assim que preciso de ti,

assim que te amo,

e os que amanhã quiserem ouvir

o que não lhes direi, que o leiam aqui

e retrocedam hoje porque é cedo

para tais argumentos.

Amanhã dar-lhes-emos apenas

uma folha da árvore do nosso amor, uma folha

que há-de cair sobre a terra

como se a tivessem produzido os nosso lábios,

como um beijo caído

das nossas alturas invencíveis

para mostrar o fogo e a ternura

de um amor verdadeiro.

Fotografia (C) Avelaneira Florida

20081007

memórias da paisagem alentejana




deixadas pelo tempo...pelos homens que a habitaram!

Torre das Águias.
Fotografia(C) Avelaneira Florida

20081003

O que escreveu Dinis...

e as palavras ficaram hoje mais órfãs...
Imagens (C) Google Images

20081002

Soneto


Dois amantes ditosos fazem um único pão,

uma gota de luar sobre a erva,

ao andar deixam duas sombras que se reúnem,

deixam um único sol vazio numa cama.


De todas as verdades escolheram o dia:

não se ataram com fios mas com um aroma,

e não despedaçam a paz nem as palavras.

A ventura é uma torre transparente.


O ar, o vinho vão com os dois amantes,

a noite oferece-lhes suas pétalas ditosas,

a todos os cravos têm eles direito.


Dois amantes ditosos não têm fim nem morte,

enquanto vivem, nascem e morrem muitas vezes,

têm a eternidade que é da natureza.


Pablo Neruda
in Antologia
Selecção e Tradução de José Bento
Imagem(C) Rudi Klempert