20070224

Mulher da Erva

Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia
Saia rota subindo a estrada
Inda a noite rompendo vem
A mulher pega na braçada
De erva fresca supremo bem

Canta a rola numa ramada
Pela estrada vai a mulher
Meu senhor nesta caminhada
Nem m'alembra do amanhecer

Há quem viva sem dar por nada
Há quem morra sem tal saber
Velha ardida velha queimada
Vende a fruta se queres comer

À noitinha a mulher alcança
Quem lhe compra do seu manjar
Para dar à cabrinha mansa
Erva fresca da cor do mar

Na calçada uma mancha negra
Cobriu tudo e ali ficou
Anda, velha da saia preta
Flor que ao vento no chão tombou

No Inverno terás fartura
Da erva supremo bem
Canta rola tua amargura
Manhã moça... nunca mais vem



Letra e Música: Zeca Afonso


















2 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Quantas vezes ouvi esta melopeia mansa... O Zeca tinha o condão de escrever e compor peças únicas, inimitáveis.

avelaneiraflorida disse...

mas também tinha a força de cantar NÃO!!!!quando muitos de nós permanecìamos envoltos em nevoeiro...