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Proposição
Ano a ano
crânio a crânio
Rostos contornam
o olho da ilha
Com poços de pedra
abertos
no olho da cabra
E membros de terra
Explodem
Na boca das ruas
Estátua de pão sol
Estátuas de pão sol
Ano a ano
crânio a crânio
Tambores rompem
a promessa da terra
Ano a ano
crânio a crânio
Tambores rompem
a promessa da terra
Com pedras
Devolvendo às bocas
As suas veias
De muitos remos
Devolvendo às bocas
As suas veias
De muitos remos
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Pecado Original
Passo pelos dias
E deixo-os negros
Mais negros
Do que a noute brumosa.
Olho para as coisas
E torno-as velhas
Tão velhas
A cair de carunchos.
Só charcos imundos
Atestam no solo
As pegadas do meu pisar
E fica sempre rubro vermelho
Todo o rio por onde me lavo.
E não poder fugir
Não poder fugir nunca
A este destino
De dinamitar rochas
Dentro do peito...
Corsino Fortes
Imagem (C) Google Images
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