20080914

Em trânsito...



Proposição

Ano a ano
crânio a crânio
Rostos contornam
o olho da ilha
Com poços de pedra
abertos
no olho da cabra

E membros de terra
Explodem
Na boca das ruas
Estátua de pão sol
Estátuas de pão sol

Ano a ano
crânio a crânio
Tambores rompem
a promessa da terra

Com pedras
Devolvendo às bocas
As suas veias
De muitos remos


Pecado Original


Passo pelos dias
E deixo-os negros
Mais negros
Do que a noute brumosa.

Olho para as coisas
E torno-as velhas
Tão velhas
A cair de carunchos.

Só charcos imundos
Atestam no solo
As pegadas do meu pisar
E fica sempre rubro vermelho
Todo o rio por onde me lavo.

E não poder fugir
Não poder fugir nunca
A este destino
De dinamitar rochas
Dentro do peito...


Corsino Fortes

Imagem (C) Google Images





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