[...] Embora o corpo o atraiçoasse no dia-a-dia, o fulgor da escrita de O'Neill não se ressentia. São desta altura algumas das suas prosas mais brilhantes, como a que escreveu para prefaciar o álbum PORTUGAL, com fotografias de Nicolas Sapieha e texto de Hellmut e Alice Wohl. Para o título, pediu emprestada ao Padre António Vieira uma sentença do seu Sermão de Santo António pregado na Igreja dos Portugueses em Roma: Para nascer, pouca terra; para morrer, toda a terra - o texto original de Vieira continuava "para nascer, Portugal: para morrer, o mundo".
É o poeta antropólogo quem escreve este texto. Trata-se de uma digressão sobre o psiquismo português e a sua complexa relação com as noções de culpa e de punição, baseada nalguns lugares comuns da nossa cultura popular : velhas anedotas, a história da sopa de pedra, o poema A Nau Catrineta.
[...] pp.294-295
2 comentários:
Li mas não reli. É claro que vou lá voltar. Gosto de que tenhas gostado.
Durante muito tempo extasiei-me perante o poema em que A O'Neill se chama de "caixadòclos" - essa tremenda (para mim, na altura...) alcunha que me assombrou todo o tempo de escola. Até por que eu era o único miúdo com cangalhas no nariz...
Vale mesmo a pena (RE)ler e ler e ler e ler...
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