20080126

Reúno...


Reúno coisas comovidamente;

Da mãe, o xaile azul, do namorado

Um beijo no Relvão, da avó demente,

O anjo que cantava no telhado;


Da ilha, a hora lassa que ao poente

Rendia o mar a um sono nacarado,

De febris coisas, já no Continente,

Num clarão de ametistas, o amado,


Dos meus passos da cruz, as cicatrizes;

Da minha estrela errante outros países;

Do breve encontro, um rosto que se esfuma...


Coisas que em busca da sua ligação

Reúno. Absurda sensação

De as juntar e não ter coisa nenhuma.


Natália Correia,
Sonetos Românticos
Imagem © OCTAVIAN FLORESCU - 1990

14 comentários:

papagueno disse...

Engraçado que ás vezes tenho essa sensação. Reúno tanto e não tenho nada.
Excelente imagem, parece feita de propósito para o poema.
Bjks

samuel disse...

Todos temos milhares de coisas para juntar... com o mesmo resultado final, a mesma sensação absurda.
Só que não o dizemos tão bem como a Natália.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá amiga, lindo poema adorei!!!!!!!!!!
Bom fim de semana.
Beijinhos de carinho.
Fernandinha

avelaneiraflorida disse...

Amigo papagueno,

mas não desisto de reunir...de guardar!!!!
sou uma "guardadora" compulsiva!!!!

Bjkas!!!!

avelaneiraflorida disse...

Amigo Samuel,

as minhas arcas e baús têm de tudo...até palavras de Natália!!!!

Bjkas!!!

avelaneiraflorida disse...

Querida Fernandinha,

Um Bom Fim de Semana, Também!!!!
Bjkas!!!

Ni disse...

Coisa nenhma que preenche... tudo o que sabemos guardar.
Lindo!

Ad astra disse...

Olhá minha Natalia ;)
viva ela
viva tu!!!

um beijo amiga

avelaneiraflorida disse...

Querida Ni,

e tudo GUARDAMOS, sim!!!!
E Guardamos!!!!

Bjkas, amiga!!!

avelaneiraflorida disse...

Querida Ad Astra,

a "tua", a "minha", a "nossa"Natália!!!!!

Bjkas, também para ti!!!

Fátima disse...

Amiga avelaneiraflorida,

Eu também reúno tudo... e fico com um grande tesouro!

:-) Beijinhos

avelaneiraflorida disse...

E que TESOUROS,amiga!!!!!
Únicos, imprescindíveis!!!!

Bjkas!!!

Joaquim Moedas Duarte disse...

Em Natália Correia há um eco de Florbela, ainda. Mas renovado, com mais densidade e riqueza.
Este soneto: uma maravilha! Uma das muitas que ela nos deixou!
Obrigado pela lembrança, Avelã!

avelaneiraflorida disse...

Méon,

e enchemos as arcas ...de maravilhas, porque não?????