Em algum momento fomos simultâneos
como dois corpos tombando na água
passávamos por portas diferentes
de forma que se prestava a tamanhas confusões
nossos gestos equivaliam-se com precisão
quando um estendia um pano de púrpura
o outro pousava um pano escarlate
quando um erguia sua lâmpada
dir-se-ia a mesma mais além a ser erguida
com os vasos idênticos
e os reservados aromas da oblação
Entre as duas tábuas de pedra
a montanha única ardia em fogo
até ao céu
José Tolentino Mendonça
A Noite Abre Meus Olhos
Imagem(C) C. Vacher
14 comentários:
No teu post "Lilases" deixei há pouco um comentário sobre JTMendonça.
Reencontro agora outro texto dele que aqui nos ofereces.
Tão bonito! E profundo!
Fala de "partilhas" do que é essencial.
Bagagem essencial para enfrentar um dia que já sei que vai ser pesado.
Obrigado. OBRIGADO!
Méon,
A partilha tem de ser essencial senão corre o risco de não o ser!!!
E este poeta sabe-o bem!!!!
São, de facto, palavras profundas...como o sentir!
Um Dia BOM,com sol, mesmo que não se veja claramente o seu brilho!
Amiga, eis um autor que não conheço... vou investigar!
PS: agora já sabes quem eu sou! :-)
olá Gata!!!!!
Sim...agora sei e fico muito contente por te ter aqui!!!!!
Quanto ao José Tolentino Mendonça acho que é um poeta de quem vais gostar!!!!
boas "descobertas"!!!!!
Bjkas,Amiga!!!
Que maravilha de poema, eu não conhecia. Adorei.
Jinhos
Maria Clarinda,
acredita que vale a pena ler este poeta!!!!!
Bjkas!!!!
Avelaneiraflorida
Como me acontece, algumas vezes que te visito, fico encantada com poemas e autores que desconheço. É o caso deste post que apresenta um poema, belo e profundo, dum autor que nunca ouvi falar.
Efectivamente a sintonia e a partilha são a chave de todas as portas que nos levam ao amor, à sensualidade e à elevação espiritual. Porém, a transitoriedade das coisas leva a que não nos conformemos, que procuremos sempre outras paragens e outras formas de partilhar.
Por isso temos que reconquistar os momentos a cada dia que passa para que o futuro nos aguarde sem solidão.
Um abraço
Um belo poema de Tolentino de Mendonça, lido e relido.
Beijinhossss doce amiga
Olá Avelaneira Florida,
Sempre florida nas escolhas!
Não conhecia este poema, lindo, tão profundo, tão vibrante de vida!
Conheço sim o José Tolentino Mendonça, mas não o leio há longos anos.Tens esse condão de me trazer à memória autores que preenchiam os manuais escolares do meu tempo e que foram arredados do sistema de ensino, se calhar mal.
É um incentivo para o procurar de novo.
Só hoje me foi possível responder a um desafio que me fizeste por meados de Dezembro. Retribuí-te a prendinha, não pelo simples formalismo da retribuição, mas porque é realmente o que penso e o que mereces.
Beijinho
Querida Lídia/Silêncio Culpado
Como disse antes...valerá a pena ler ou reler este poeta!!!!
Um autor contemporãneo que tem parte da sua obra reunida na Assírio e Alvim...
Acho que irás gostar!!!!
bjkas, amiga!!!
Querida Sophiamar,
um poema que mereceria uma das tuas lindas fotografias!!!!
Bjkas, amiga!!
Querida Brancamar,
Creio que talvez estejas a confundir (como eu inicialmente fiz!!!!) dois poetas diferentes:
Nicolau Tolentino de Mendonça ( o que aparecia nos nossos manuais escolares) e, este, JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA!
do primeiro, aprendemos o célebre " Colchão no toucado" que é simplesmente uma maravilha!!!!
Mas com José descobrimos um outro mundo poético, não tão caricatural , mas não menos interessante e profundo!!!!
Quanto ao desafio...bom, espero não ficar "aflita" como é costume!!!!
bjkas, amiga!!!
Tens razão Avelaneira, santa ignorância a minha!A confusão vem dos apelidos dos dois poetas serem iguais.De qualquer forma será bom ir à descoberta de um e à redescoberta do outro.
Beijinho
Querida Brancamar,
e lá continuo eu a fazer disparate!!!!!
Nicolau Tolentino e José Tolentino Mendonça...o seu a seu dono!!!!
Bjkas, amiga!!!!
Enviar um comentário