É bom estarmos atentos ao rodar do tempo
O outono por exemplo tem recantos entre
dia e noite ao pé de certos troncos indecisos
cercados um por um de sombras envolventes
Rente às árvores vamos, húmidos humildes
Dizem que é outono. Mas que época do ano
toca nestas paredes que roçamos
como gente que vai à sua vida
e não avista o mar, afinal símbolo de quanto quer,
ó Deus, ó mais redonda boca para os nomes das coisas
para o nome do homem ou o homem do homem?
Banho lustral de ausência é este tempo
de pés postos na terra em puro esquecimento
E vamo-nos perdendo de nós mesmos, vamos
dispersos em bocados, vítimas do vento
ficando ali, ali, nalgum lugar que amamos
Nada mais do que terra há quem ao corpo nos prometa
Quem somos? Que dizemos?
Reúna-nos um dia o toque da trombeta
Ruy Belo,
"Efeitos Secundários" in Todos os Poemas I
Imagem (C) Maqueson Pereira da Silva
4 comentários:
Comovo-me sempre com o "tom" inconfundível do Ruy B.. Este, por exemplo, um dos "nossos" poemas!
Obrigado!!
Fica bem!
Méon
Ruy Belo é um meu "tesouro" INESTIMÁVEL!!!
UM BOM DIA!!!!!
Ruy Belo, conheço pouca coisa, mas este poema comoveu-me muito...
Obrigado amiga!
Vou ficar mais atenta ao seu trabalho.
Beijinho
Amiga Fátima,
Ruy Belo é um dos poetas que se ama ou se detesta!!!!
Mas vale a pena conhecê-lo!!!! Pelo menos ir lendo devagar e ir entrando no mundo dele até o entender...
Boas Leituras!!!!
Bjks
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