20080301

nos dias...


Oh, como se me alonga de ano em ano

A peregrinação cansada minha!

Como se encurta, e como ao fim caminha

Este meu breve e vão discurso humano!


Vai-se gastando a idade e cresce o dano;

Perde-se-me um remédio, que inda tinha;

Se por experiência se adivinha,

Qualquer grande esperança é grande engano.



Corro após este bem que não se alcança;

No meio do caminho me falece;

Mil vezes caio, e perco a confiança.



Quando ele foge, eu tardo e na tardança,

Se os olhos ergo a ver se inda parece,

Da vista se me perde e da esperança.


Luís de Camões

6 comentários:

Maria disse...

Este Luís de Camões é Eterno......
... e não é por acaso...

Beijinhos

avelaneiraflorida disse...

Querida Maria,

completamente de acordo!!!

Bjkas!!

Fátima disse...

Amiga avelaneiraflorida,

Luis de Camões.. com as suas eternas palavras! Gostei.

:-) Beijinhos

disse...

Grande e eterno Camões!
Bonito soneto. Bonito mas ... escusava de ser eterno como Camões!!
Beijinhos!

avelaneiraflorida disse...

Querida Fátima,

Por vezes os poetas apenas se limitam a constatar a realidade!
E Camões fá-lo muito bem!!!!!

Bjkas!!!

avelaneiraflorida disse...

Amigo Zé,

Bem vindo a esta Mesa!!!

Luis de Camões VIVEU demais...talvez por isso os seus versos sejam ainda tão claros no nosso dia a dia!

UM BOM DOMINGO!!!!